Déficit habitacional é uma expressão que se refere à quantidade de cidadãos sem moradia adequada em uma determinada região. Abaixo apresentamos publicação da Fundação João Pinheiro (FJP), que há anos desenvolve estudos sobre déficit habitacional no Brasil e é considerada referência nacional sobre o tema. 

Na publicação o déficit habitacional é calculado como a soma de quatro componentes:

(a) domicílios precários;

(b) coabitação familiar;

(c) ônus excessivo com aluguel urbano; e

(d) adensamento excessivo de domicílios alugados.

Os componentes são calculados de forma sequencial, em que a verificação de um critério está condicionada à não ocorrência dos critérios anteriores. A forma de cálculo garante que não há dupla contagem de domicílios, exceto pela coexistência de algum dos critérios e uma ou mais famílias conviventes secundárias que desejem constituir novo domicílio.

O primeiro componente, habitações precárias, considera no seu cálculo dois subcomponentes: os domicílios rústicos e os domicílios improvisados. Os domicílios rústicos são aqueles sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada. Em decorrência das suas condições de insalubridade, esse tipo de edificação proporciona desconforto e traz risco de contaminação por doenças. Já os domicílios improvisados englobam todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, carcaças de carros abandonados, barcos e cavernas, entre outros), o que indica claramente a carência de novas unidades domiciliares.

O segundo componente, coabitação familiar, também é composto por dois subcomponentes: os cômodos e as famílias conviventes secundárias que desejam constituir novo domicílio. Os cômodos foram incluídos no déficit habitacional porque esse tipo de moradia mascara a situação real de coabitação, uma vez que os domicílios são formalmente distintos. Segundo a definição do IBGE, os cômodos são domicílios particulares compostos por um ou mais aposentos localizados em casa de cômodo, cortiço e outros. O segundo subcomponente diz respeito às famílias secundárias que dividem a moradia com a família principal e desejam constituir novo domicílio.

O terceiro componente do déficit habitacional é o ônus excessivo com aluguel urbano. Ele corresponde ao número de famílias urbanas, com renda familiar de até três salários mínimos, que moram em casa ou apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel.

O quarto e último componente é o adensamento excessivo em domicílios alugados que corresponde aos domicílios alugados com um número médio superior a três moradores por dormitório.

 

 

Metodologia de cálculo de Déficit Habitacional 

Especificação Componentes
Déficit Habitacional

(1) Habitações precárias

(1.1) Domicílios Rústicos

(1.2) Domicílios Improvisados

(2)Coabitação Familiar

(2.1) Cômodos alugados, cedidos e próprios

(2.2) Famílias conviventes secundárias com intenção de constituir domicílio exclusivo.

(3) Ônus excessivo com aluguel urbano
(4) Adensamento excessivo de moradores em domicílios alugados

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

 

O censo demográfico 2010 aponta um déficit habitacional de 6,490 milhões de unidades, o correspondente a 12,1% dos domicílios do país. A região Sudeste concentra 38% do déficit habitacional do país, o que corresponde a 2,674 milhões de unidades, mais da metade (1,495 milhões) em São Paulo. Outros 30% do déficit habitacional vem da região Nordeste, com destaque para os estados do Maranhão e da Bahia, com 421 mil e 521 mil unidades, respectivamente. A região Centro-Oeste apresenta o menor déficit habitacional do Brasil, cerca de 560 mil unidades. 

 

Mapa 1 - Déficit habitacional total por unidades da Federação - Brasil - 2010 

 

 

Mapa 2 - Composição do déficit habitacional por unidades da Federação - Brasil - 2010 

 

Fonte: João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

 

A última estimativa é de 2015, o déficit habitacional estimado corresponde a 6,355 milhões de domicílios, dos quais 5,572 milhões, ou 87,7%, estão localizados nas áreas urbanas e 783 mil unidades encontram-se na área rural.  Do total do déficit habitacional em 2015, 39% localiza-se na região Sudeste, o que corresponde a 2,482 milhões de unidades. Em seguida vem a região Nordeste, com 1,971 milhões de moradias estimadas como déficit, o que corresponde a 31% do total. As nove áreas metropolitanas do país selecionadas pela PNAD - IBGE possuem 1,829 milhão de domicílios classificados como déficit, o que representa 29% das carências habitacionais do país. Em termos de localização do déficit habitacional, há diferenças entre as regiões brasileiras. Enquanto nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste o déficit habitacional nas áreas urbanas ultrapassa 90%, nas regiões Norte e Nordeste, o déficit habitacional rural ainda tem peso relativamente alto. Na região Norte corresponde a 21,8% e na região Nordeste a 26,8%.

 

Déficit Habitacional em Jacareí

 

Sistema Déficit Habitacional Municipal no Brasil  em 2010, da Fundação João Pinheiro é a base de dados mais atualizada disponível para consulta por municípios.

Para o Município de Jacareí as seguintes informações são apresentadas:

 

Unidade Territorial

Código da Unidade

Déficit Habitacional Total

Déficit Habitacional Urbano

Déficit Habitacional Rural

Jacareí

3524402

7053

7006

47

 

O déficit habitacional total de Jacareí em 2010 era de 7006 habitações. 

 

 

Inadequação de domicílios urbanos (pelo menos um componente) 

Domicílios Precários

Coabitação Familiar

Ônus Excessivo com aluguel

Adensamento excessivo de domicílios alugados

5121

287

3731

2334

702

 

Fonte: Sistema Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010 – Fundação João Pinheiro

 

 Os índices apresentados são de suma importância para a elaboração de políticas públicas para tratar o déficit habitacional.